Entre os anos de 2000 e 2002 o Clube Recreativo Ilópolis sediou uma série de festas que foi um grande sucesso, atraindo não apenas frequentadores da cidade, mas também dos municípios vizinhos. Em geral, aconteciam uma vez por mês, aos domingos, com horário restrito das 19 horas à meia-noite.
A ideia para as baladas surgiu de uma parceria entre a diretoria do Clube e o Som Flashback, que tinha como sócios-proprietários Edson Boni e André Bozzetto, além de Diogo Didoné e o autor deste texto fazendo às vezes de DJs. A equipe de sonorização – que também tocava em eventos de toda a região – contava ainda com Rafael “Paulão” Martins, Marcos “Kuni” Tomasini e Eduardo Goldoni (in memoriam).
Entre os atrativos que contribuíam para que as festas comumente comportassem grande público estava os preços populares, tanto do ingresso quanto da cerveja, além do horário convidativo que – por iniciar e terminar cedo – possibilitava que a parcela adolescente recebesse autorização dos pais para frequentar o local. Há muitos jovens que começaram a ir em suas primeiras baladas justamente nessa época, através das domingueiras do Clube.
Outro fator seguidamente lembrado pelos frequentadores era o repertório, bastante eclético e dividido em blocos, que além dos sucessos radiofônicos da época, também comportava os grandes clássicos do passado – fazendo jus ao nome do som mecânico – além de rock, pagode, axé, bailão e até música gauchesca, agradando assim a diversidade do público que comparecia aos eventos. Edições especiais com blocos de Carnaval, escolha da “Garota Cultura”, promovida pela rádio do município de Arvorezinha, participações de DJs e equipes de sonorização vindos de fora, e eventos vinculados ao programa “Sertão Encanto”, da rádio Encanto FM, de Encantado, estão entre as que emblematicamente contribuíram para a diversidade das baladas e recordes de público.
As domingueiras também tiveram o mérito de reativar o Clube, que em décadas anteriores havia sediado grandes bailes e funcionado como ponto de referência para a sociedade ilopolitana, mas que na virada dos anos 90 para os 2000 se encontrava inativo e praticamente abandonado, assim como está atualmente, em 2023.
O sucesso dos eventos inclusive estimulou outros locais a começarem a promover baladas nas noites de domingo. Essa concorrência, aliada à saturação natural de um público de que não se renova – como é normal em cidades pequenas – levou a uma progressiva perda de interesse por parte dos frequentadores, a ponto de a baixa venda de ingressos das últimas edições terem tornado inviável a continuidade do negócio.
Apesar de terem se mantido por um período relativamente curto, as domingueiras do Som Flashback ainda são lembradas não apenas por muitas pessoas que tiveram ali suas primeiras experiências em baladas, mas também por quem encontrava naquele ambiente um espaço adequado para dançar, namorar e confraternizar com os amigos, fechando com chave de ouro os finais de semana de uma época que – por incrível que pareça – aparentava ter mais opções de socialização e convivência do que agora.
André Bozzetto Junior
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