ENREDOS

 

            Drama, romance, ação, aventura, suspense, terror, comédia. Gêneros que pautam os enredos das mais diversas artes. Prendem a atenção, encantam, espantam, inspiram, emocionam, instigam reflexões. Assim como as artes reproduzem em múltiplos formatos as nuances da vida, tais gêneros são intrínsecos aos enredos das histórias de cada um de nós. Alguns deles são mais presentes em nossas trajetórias do que outros, porque assim escolhemos ou porque simplesmente resultaram de circunstâncias alheias à nossa vontade. Temos nossas preferências, certos estilos nos cativam mais do que outros. Nos roteiros do cotidiano há características que nos agradam e que desagradam, mas é inegável que cada trama possui sua relevância. Constrói identidade, História e memória para os atores sociais. Compartilha significado com os observadores atentos.

            Dos enredos da vida real podemos obter exemplos, identificar pertencimentos, tirar lições. Com as trajetórias dos outros podemos entender mais sobre nós mesmos, e da nossa trajetória podemos discernir os aspectos individuais que refletem sobre a coletividade.

            Há quem não se furte – em relação às artes – de julgar o que é melhor ou pior, apontar aspectos positivos e negativos, mas sobre os enredos do dia a dia não há como fazer tal distinção. Cada linha do roteiro revela uma particularidade dos cenários, aponta uma faceta dos personagens, expõe um sentido. Não importa se a trama lida com o que possa ser tido como pequeno, simples, humilde, singelo, anônimo, comum. Nada é supérfluo. Tudo é relevante.

            Nietzsche nos convida à reflexão quando nos propõe uma pergunta e indica uma resposta: “O que diz sua consciência? ‘Torne-se aquilo que você é’.” Para nos tornarmos o que somos dependemos de nossas vivências. Os enredos de nossas vidas contém o escopo das experiências que definem quem nós somos. Por isso são importantes. Por isso me interessam. Por isso viram crônicas.

 

André Bozzetto Junior         

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